Uma conversa. Era assim que eu gostava de escolher as minhas vítimas.
Quando se vive por muito tempo um simples bom dia já é o suficiente para saber muito sobre uma pessoa.
Sempre tive hábitos estranhos, pois para mim, escolher uma vítima não era simplesmente achar alguém sozinho e atacar, gostava de conhecer quem seria a minha próxima refeição, gostava de conversar, de seduzir, e quando ela estivesse em meu domínio fascinada por mim, eu realizava o ataque. Gostava de ver o prazer nos olhas delas e logo depois transformá-lo em medo, isso dava um sabor peculiar ao sangue.
Ao contrario do que você deve estar pensando eu não mantinha relações sexuais com todas as minhas vítimas, não era um pervertido, a não ser que valesse a pena. Até gostava de me divertir com garotas de programa, o sangue delas era quente ainda mais quando estavam excitadas, mas só fazia isso quando estava entediado, e quando se vive muitos séculos e fácil ficar entediado.
Mas por mais estranho de seja misturar o prazer com a adrenalina do medo da ao sangue um sabor diferenciado, e como pegar o prato de comida que você mais gosta e temperá-lo a sua maneira, da o seu toque pessoal.
Lembro-me da primeira ver que sentir esse sabor, de como eu descobri esse tempero, não foi a melhor experiência, mas o gosto realmente valeu a pena.
Isso foi a muito tempo atrás mas lembro-me perfeitamente.
Naquela época estava morando na Inglaterra, mas de alguma forma a Inglaterra tinha perdido o encanto pra mim, estava me sentindo demasiadamente entediado, então resolvi viajar. Meu destino? Paris.
Paris era o lugar perfeito, a noite parisiense era ao mesmo tempo glamorosa e decadente.
Adorava ir aos teatros, assistir musicais, ir aos cabarés, a noite parisiense era cheia de cores e vida e isso me deixava fascinado.
Certa noite mais uma vez estava me sentindo entediado, não estava vontade de assistir a nenhum espetáculo e muito menos ir ao um cabaré, então me sentei em um café e fiquei observando as pessoas, quem sabe eu não poderia me deparar com alguma vítima interessante, mas se não achasse também não faria diferença, estava bem farto pois as noites parisienses já havia em rendido bons frutos.
Derrepente passou por mim um ser peculiar, de alguma forma aquela garota chamou a minha atenção.
Ela sentou-se na mesa ao lado, não conseguia parar de olhar para ela, dei boa noite e ela apenas acenou com a cabeça.
Então resolvi me aproximar, nunca foi de fazer muito rodeio, me apresentei e pedi permissão Mara me sentar junto a ela, ela consentiu. Perguntei seu nome e ela me respondeu, era Michele.
Ela não tinha muitos atributos, seu corpo não possuía nenhuma forma escultural, sua pele era branca como a lua, seu cabelo vermelho como o fogo e possuía um lindo par de olhos verdes. Mas o que mais me fascinava nela era o seu jeito simples e autentico, não fazia o menor esforço para agradar aos outros, se alguém quisesse um sorriso seu, teria que fazer por merecer.
Ficamos conversando durante horas, e quando mais a conhecia mais me sentia fascinado por ela, fiquei tentado em conhecê-la melhor. Me diverti muito naquela noite.
Na hora de ir embora pedir para acompanhá-la então a deixei em casa com a promessa de que nos veríamos no dia seguinte.
Fui andando pela rua parecendo um adolescente que acabará de conhecer a melhor pessoa do mundo, cheguei ao hotel, fiquei sentado na cama e por um breve momento até quem eu era realmente, mas o sol começou a raiar no horizonte então tive que repousar.
Na noite seguinte encontrei-me com Michele novamente, fomos assistir ao um musical, não me lembro qual, pois fiquei o tempo todo prestando atenção nela, não deixava escapar nenhum gesto, sorriso ou mudança em seu olhar.
O musical acabou e nós fomos caminhar pela cidade, estar ao lado dela fazia com que eu me sentisse mortal novamente.
Então ela me olhou e perguntou:
- Gostou do musical?
- Hã o que? Ah o musical, gostei! Foi maravilhoso!
Nunca havia ficado tão embaraçado na frente de uma mulher, nem quando eu era mortal.
E logo em seguida ela falou:
- Realmente estava ótimo. Mas pelo que pude notar você não prestou muita atenção no espetáculo. Nisso ela sorriu e seu rosto avermelhou-se todo. Pude até sentir o doce cheiro do seu sangue, mas conseguir me controlar. Então virei para ela e disse:
- Como poderia prestar atenção em um simples musical quando estava diante da mais perfeita melodia?
Ela sorriu e ficamos parados um olhando para o outro até que o beijo aconteceu, ainda lembro o doce sabor daquela boca. Então ela se afastou repentinamente e disse que tinha que ir.
Fomos andando sem dizer uma palavra. Ao chegar na frente da sua casa ela virou e disse:
- Almoça comigo amanhã?
- Não posso tenho que tratar de negócios que me ocuparão o dia inteiro.
- É uma pena. Janta comigo então?
- Com certeza. No jantar já estarei livre.
- Feito, me pega em casa então?
- Sim a que horas?
- La pelas 20:00 hs pode ser?
- Tudo bem então esta combinado. 20:00 hs.
Então ela veio até mim, me deu um selinho e entrou correndo e sorridente.
Nesse momento eu me dei conta do que estava fazendo, como poderia esconder quem eu era realmente? Como me esconder durante o dia? Onde eu iria arrumar tantas desculpas?
Mas não podia voltar atrás, já estava completamente envolvido depois de tantos séculos de existência acabei me apaixonando. O pior era acreditar que poderia viver aquele romance, de certa forma eu sentia vida dentro de mim novamente, meu lado humano começava a despertar outra vez.
No outro dia nos encontramos para o jantar, ela estava linda com toda a sua simplicidade, rimos muito, trocamos carinhos e até juras de amor.
Outras noites foram de repetindo, e eu arrumando desculpas e mais desculpas para não encontrá-la durante o dia.
Certa noite, caminhávamos pela rua, já era madrugada, a lua brilhava de uma forma intensa, a temperatura estava agradável, sentamos na praça e começamos a admirar a lua.
- Eu amo a lua. - Disse ela – Mas para mim não existe nada mais bonito que o por do sol, eu adoro aquele céu vermelho quando o sol está se pondo. Quando é que poderemos ver o por do sol junto?